
Motivo de preocupação para as forças de segurança de Bento Gonçalves no começo de 2025, os assassinatos apresentaram queda significativa nas últimas oito semanas. Os meses de abril e maio registraram uma morte violenta cada. Para comparação, janeiro contabilizou quatro casos, sendo três deles em um intervalo de cinco dias.
De janeiro a maio, são 11 crimes violentos letais intencionais (CVLIS). No mesmo período do ano ado, foram 16 — uma redução, portanto, de 31% no comparativo. São considerados nas estáticas dos CVLIs, por exemplo, homicídios, latrocínios, feminicídios, mortes decorrentes de confronto com a polícia e lesões corporais seguidas de morte.

Trabalho integrado com outros órgãos de segurança, atuação qualificada do setor de inteligência, aumento de prisões e apreensões e reforço de outros batalhões estão entre as explicações listadas para a redução da criminalidade pelo tenente-coronel Flori Chesani Junior, comandante do 3° Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (3° BPAT).
— É um trabalho iniciado ainda no ano ado, que estamos colhendo frutos neste ano, e muito em função da integração entre as polícias. Temos uma relação muito estreita com a Polícia Civil. A troca de informações e o ree de conhecimentos são quase que diários — sinaliza Chesani.
Para coibir a onda de violência registrada no começo de janeiro, Bento Gonçalves também recebeu reforço temporário no efetivo. Policiais militares do 4º Batalhão de Polícia de Choque, da unidade aérea e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se somaram aos do 3° BPTA nos últimos meses em ações pontuais.
O trabalho nas ruas

A queda nos indicadores a sobretudo pela presença e a ação policial nas ruas. É com base no mapeamento do setor de inteligência que as operações avançam nas áreas mais sensíveis dentro dos bairros.
Nos cinco primeiros meses de 2025, a Brigada Militar prendeu 245 pessoas em flagrante. O número é 21% maior do que o registrado no mesmo período do ano ado. As armas apreendidas também aumentaram, ando de 14 em 2024, para 20 neste ano.
— Sabe-se que a maioria dos crimes são cometidos com armas de fogo, então, nossas ações sempre buscam retirá-las das ruas — explica o comandante.
De janeiro a maio, 15.914 pessoas foram abordadas e 5.288 veículos fiscalizados em Bento Gonçalves. Os policiais também capturaram 26 foragidos da Justiça e apreenderam 82,2 kg de entorpecentes no período.
— Quanto mais houver homicídios, mais repressiva vai ser a ação das polícias — finaliza o comandante do 3º BPAT.
Protocolo para gerenciar crises
O cenário de Bento Gonçalves é monitorado pelas autoridades desde o ano ado. Em 2024, foram registradas 38 mortes violentas, sendo duas delas em decorrência de confronto com a polícia. Em 2023, foram contabilizados 33 casos.
O pico de violência na primeira semana de janeiro acendeu um alerta também para a Polícia Civil. O delegado regional da Serra, Augusto Cavalheiro Neto, explica que nestes casos entra em ação um protocolo para gerenciamento de crise que envolve a união e os esforços de diferentes órgãos.
— A primeira coisa que a gente faz é identificar se é um crime vinculado a conflitos de organizações criminosas ou se são "fatos da vida". Se a morte é fruto destas disputas, inicialmente fazemos saturação nas áreas conflagradas, com uma presença massiva das forças de segurança. Segundo, intensificamos as revistas nos presídios. E por fim, se for o caso, a gente também faz transferências pontuais de lideranças dessas organizações criminosas para presídios fora da região — detalha Cavalheiro.
À Polícia Civil também cabe a investigação e responsabilização dos autores e mandantes dos crimes. Dentre os 11 crimes violentos letais intencionais (CVLIS) registrados em Bento em 2025, dois são feminicídios.
Também entra na estatística a morte de um detento da Penitenciária Estadual no dia 3 de maio. Segundo a Polícia Civil, o caso é tratado como homicídio.