O apelo para a população gaúcha se imunizar contra a gripe deve ser a todo momento reforçado. É imperioso reiterar o chamamento diante da situação crítica na área da saúde no Estado, com emergências superlotadas por pessoas com sintomas respiratórios, ao mesmo tempo que a cobertura vacinal está muito aquém do necessário.
É indispensável que gestores públicos da área de saúde, com o apoio de especialistas, ampliem o esforço informativo
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, ontem, a secretária Estadual da Saúde, Arita Bergmann, apresentou números alarmantes, mas ao mesmo tempo esclarecedores. Apenas 5% dos pacientes hospitalizados no RS com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) tomaram o imunizante contra a influenza. Das pessoas que estão indo a óbito, somente 3%.
Preocupa a constatação da secretária de que os municípios, responsáveis pela aplicação, na ponta do sistema, estão empreendendo os esforços necessários para ampliar o nível de proteção individual e coletiva, mas não há a resposta adequada da população na procura pela vacina. Na média do Estado, a cobertura está em 41%. Nos grupos etários mais vulneráveis, crianças e idosos, está em 27% e 45% respectivamente. São níveis muito baixos diante das metas de imunizar pelo menos 90% dos públicos-alvo.
É indispensável que gestores públicos da área, com o apoio de especialistas, ampliem o esforço informativo e reforcem a mensagem da importância de se vacinar. Significa proteção pessoal mas também comunitária, por diminuir a circulação viral. A imunização não impede de pegar a gripe. Mas reduz as complicações, as internações e a mortalidade. No final do mês ado, a prefeitura de Porto Alegre publicizou outra informação que atesta o quanto deixar de se vacinar eleva riscos. Todas as mortes por gripe e covid-19 neste ano na Capital foram de cidadãos que deixaram de tomar as suas doses.
É esperado que, com uma parcela reduzida da população sob a proteção da vacina, mais gente apresente um quadro agravado de sintomas respiratórios e acabe precisando de amparo dos serviços de saúde. O quadro de superlotação, com maior dificuldade de quem procura ajuda encontrar atendimento adequado, é a consequência natural. De pais e responsáveis se requer ainda mais atenção pela obrigação que têm de zelar pelo bem-estar das crianças sob sua guarda.
Mas, além da ênfase na conscientização, é preciso ampliar as possibilidades para que a população se vacine, estendendo horários e dias abertos dos locais que oferecem imunização. Muitos trabalhadores têm dificuldade de se deslocar até um desses pontos em horário comercial. A Capital, nesse sentido, vai abrir as portas de uma série de unidades aos finais de semana, a partir deste. A busca ativa e a ida de equipes até locais como as instituições de longa permanência para idosos, da mesma forma, são estratégias necessárias.
A combinação da baixa cobertura com as emergências abarrotadas exige providências imediatas. Mas também se deve aprender as lições deste ano. É preciso compreender melhor as razões da busca diminuta pelo imunizante. Por certo são causas que vão além da desinformação. Ter essa noção é basilar para se planejar para as próximas estações frias e evitar que o quadro atual se repita.