
Com o fim da busca ativa para o recadastro de procedimentos em um novo sistema no fim de 2024, a fila para cirurgias eletivas em Caxias do Sul pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é de quase 7,3 mil procedimentos. Além dos moradores locais, o município é referência na saúde para 49 cidades da Serra. O número, conforme dados da secretaria Municipal da Saúde (SMS), é de abril deste ano. Em comparação ao período anterior ao recadastramento, em junho de 2023, eram quase 10 mil usuários em espera.
Como explica a diretora do Departamento de Avaliação, Controle, Regulação e Auditoria (Dacra), Marguit Meneguzzi, todos os nomes que constavam no sistema anterior foram contatados. Houve casos em que os usuários não atenderam, outros que se mudaram e até mesmo situações do procedimento ter sido feito e os sistemas não terem se comunicado, ou da cirurgia ter sido realizada na rede privada.
Marguit salienta que, se houver usuários com o laudo e que não atenderam ao recadastro e precisam realizá-lo, eles ainda podem buscar o Dacra para a solicitação. Os procedimentos agora são cadastrados no sistema Gerint — o mesmo usado pelo Estado. Eles iniciaram em setembro de 2023.
Conforme Marguit, a média de procedimentos ao mês segue a média do fim do ano ado. Conforme divulgado na época, os quatro hospitais (Círculo, Virvi Ramos, Hospital Geral e Pompéia) que atendem as operações no município estavam realizando uma média de 518 operações eletivas ao mês.
— Também tivemos, no ano ado, um acréscimo de atendimento no Hospital Geral (HG) por conta de abertura de novos leitos. São em torno de 40 leitos a mais que foram disponibilizados. Se aumentou a capacidade instalada, aumenta a possibilidade de atendimento — relembra a diretora do Dacra.
O aumento não é só para procedimentos em fila de espera. Como observa Marguit, o HG é uma das instituições que atendem a portas abertas pelo SUS. A outra é o Hospital Pompéia. Com isso, também se amplia os atendimentos de demandas espontâneas, de urgência e de emergência.
O que são cirurgias eletivas
São procedimentos de média e alta complexidades, que não precisam de operação imediata ou em curto prazo, como pequenas cirurgias, cirurgias de pele, tecido subcutâneo e mucosa, cirurgias das glândulas endócrinas, cirurgias do sistema nervoso central e periférico, cirurgias das vias aéreas superiores, da face, cabeça e pescoço, cirurgias oftalmológicas e oncológicas, cirurgias do aparelho circulatório e digestivo e cirurgias do aparelho osteomuscular.
Como está a fila

Há algumas categorias que não possuem comparativo com o período anterior, por uma mudança na organização. Por exemplo, antes os procedimentos oncológicos já estavam inseridos dentro de uma área ampla (por exemplo, uma cirurgia oncológica de urologia). Nesse caso, são operações que, identificadas, ganham a alta prioridade. Outros casos são das bariátricas e das cardíacas.
Conforme a diretora do Dacra, o tempo de espera dos pacientes varia de acordo com a área, mas há usuários aguardando há dois anos. O andamento dela depende da capacidade instalada e da estrutura do município. Isso, como observa Marguit, levando em conta que há os outros atendimentos e procedimentos que também precisam ser realizados, como as cirurgias de emergência.
— As cirurgias eletivas de fato concorrem com as cirurgias de urgência e de emergência. Temos que lembrar que o Hospital Geral e o Hospital Pompéia são hospitais que têm pronto-socorro de porta aberta e que eventualmente algum procedimento cirúrgico eletivo possa ser suspenso em detrimento de uma grande demanda de cirurgia de urgência naquele dia ou naquele período. Por exemplo, se tu tiver um final de semana caótico com muitos acidentes de trânsito em que tu tenha sete ou oito pacientes esperando para fazer cirurgia de traumatologia na segunda-feira, alguém da segunda-feira vai ser cancelado para que dê conta do fluxo do final de semana que não deu tempo de realizar — explica a diretora.
Abaixo, a tabela mostra como estão as filas atualmente em comparação com 2023, antes do recadastramento.
A fila em consultas e exames
Os dados solicitados também demonstram as filas de espera para exames e consultas com especialistas. Nesses casos, são 62,5 mil solicitações por consultas e 30,9 mil para exames no município.
As duas maiores filas das consultas são para oftalmologia, que em abril estava com 7,2 mil usuários, e em dermatologia, com 7,1 mil pacientes. Entre os exames, a maior fila é para ressonância magnética, com 6,6 mil usuários.
— Temos um aumento significativo de solicitações de consultas de exames e consultas especializadas no final da pandemia. Tínhamos um número, ele estacionou e decresceu um pouquinho. E aí em 2023 e 2024 tivemos um crescimento exponencial. Depois, em 2024, estabilizamos — calcula a diretora.
A pasta, junto ao município, prevê uma ação que será anunciada em breve, com financiamento exclusivo da prefeitura para a redução das filas. É um investimento que entra na fatia da receita municipal destinada à área, que já está acima dos 25% — a lei exige um mínimo de 15%.
Conforme Marguit, não há como quantificar as variáveis que podem ter ocasionado o aumento das demandas para o SUS a partir de 2023. Entre as variáveis, por exemplo, os movimentos migratórios e a utilização ou não de planos de saúde.
Estado de emergência poderá modificar a fila novamente
Nesta sexta-feira (30), a prefeitura de Caxias do Sul decretou estado de emergência em saúde pública por causa do aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Conforme o secretário de Saúde Geraldo Rocha Freitas, em função do alto número de internações, os procedimentos eletivos poderão, no futuro, ser adiados para que os leitos sejam liberados.
Funcionamento do Dacra
Localizado no terceiro andar da Secretaria Municipal da Saúde, no prédio junto a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central (Rua Marechal Floriano, 421), o Dacra atende o público de segunda a sexta-feira, das 8h às 15h. O telefone é o (54) 3290-4401.